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Fantasia vs. realidade


Lellis Vasconcelos
“Meu Pequeno herói não sabe voar” nos transporta de imediato ao mundo flutuante de Fabinho, menino sonhador e inquieto. A câmera na mão que, no início do filme dirigido Pedro Jorge segue todos os movimentos do garoto vestindo uma capa vermelha, gera a sensação de que também podemos voar.
A trilha sonora lembra sons de videogame reforça esse efeito, pois ajuda a compor um universo de sonho infantil. Em meio a fantasia surge o real: o som estridente da panela de pressão, da máquina de lavar, da mãe com muitos afazeres e da criança que grita por ajuda.
Assim, dois mundos são contrapostos. Enquanto Fabinho decola, sua mãe aterrissa. Na sala de espera de um ambulatório, vemos a mãe e o filho com o braço machucado, onde se torna nítida a enorme distância, não somente física, que ali se impõe. Enquanto a mãe está no celular, o menino assiste TV e sonha com seu herói e com um Japão que lhe parece tão próximo. O seu contentamento se revela nitidamente em close-up.
Sempre com expressão de cansaço e repleta de realidade, a mãe em um momento é invadida por esse mundo de desejos e possibilidades, onde tudo nem sempre precisa ser complicado, onde o Japão pode ser ali. Fabinho, esse pequeno herói, nos ensina a voar, enquanto o filme nos leva a contemplar o mundo pelo olhar e leveza de uma criança.
* Extraído do site Oficina de Crítica do crítico André Dib.